Segurança: em busca de caminhos para solucioná-la

É fato que a criminalidade se alastrou e não existe mais hora do dia ou da noite que as pessoas não saiam com aquela sensação de medo.

Nunca se ouviu tanto falar em falta de segurança e aumento da violência quanto no ano de 2016. E isso, não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o Brasil. Hoje, observa-se que os bandidos estão cada vez mais ousados, deixando a impressão na população que tanto faz se forem ou não capturados pela polícia, mostrando a todos nós que eles não têm mais medo ou receio. Assim, sabe-se que o problema decorre de muitos fatos, como a impunidade, a falta de presídios e de oferta de empregos, a poucos investimentos nesta área, entre tantos outros. Para nos dar um panorama mais amplo, conversamos com Gustavo Caleffi, especialista em gestão de riscos estratégicos e segurança efundador e sócio- diretor da Squadra Gestão de Riscos.

“As guardas municipais podem se tornar um grande recurso no apoio ao combate da criminalidade, mas isto tem que fazer parte de uma estratégia nacional. Hoje, acompanho ações isoladas de cidades lutando individualmente para isso.”

Fortus Group – De forma prática, o que os governos (municipais, estaduais e federal) podem fazer para dar mais segurança à população brasileira?

Gustavo Caleffi – Antes de qualquer coisa, para começarmos a tentar solucionar o caótico problema da criminalidade no País, é necessário à criação de um plano nacional de segurança pública. Precisamos urgentemente rever as obrigações, os recursos e as contrapartidas dos governos municipais, estaduais e nacional. Hoje, não existe nenhum órgão nacional que estude e defina isso. Neste caso, concordo com o ilustre especialista nesta área, José Mariano Beltrame, que em sua palestra no 6º Fórum Nacional de Tecnologia e Inovação na Segurança Pública relatou não haver um plano nacional de segurança pública. As guardas municipais podem se tornar um grande recurso no apoio ao combate da criminalidade, mas isto tem que fazer parte de uma estratégia nacional. Hoje, acompanho ações isoladas de cidades lutando individualmente para isso.

Outra questão que precisa ser atacada é com relação aos presídios, os quais atualmente dependem dos Estados, que, nitidamente, estão falidos e não conseguem, por mais que queiram, ampliar conforme é necessário as vagas nas instituições penais. E, muito além disso, mudar o sistema penitenciário no Brasil.

Porém, ademais, não dependemos apenas dos governos para darmos resposta à segurança pública. Ficamos na dependência também de uma necessária atualização dos nossos códigos penal e de processo penal, os quais, nos dias de hoje, passam a nítida impressão aos criminosos que o crime compensa, devido às suas infinitas regalias.

“Compete ao cidadão, como única forma de sobrevivência, estar 100% do seu tempo atento, identificando situações de risco e buscando distanciar-se delas.”

Fortus Group – Que tipo de dicas de prevenção à segurança para o cidadão comum você pode dar?

Gustavo Caleffi –A principal dica para todo cidadão é basear-se no artigo 144 da Constituição Federal de 1988, que diz que “a segurança pública, é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”. Porém, quando vamos estacionar nosso veículo na rua, procuramos o fazer em frente a uma guarita de um prédio, com um porteiro, para delegarmos a nossa segurança a outro. Ou seja, não assumimos nossa responsabilidade, e ainda achamos que outros, que não possuem essa prerrogativa, devam fazer por nós.

O cidadão tem de compreender que a segurança pública está falida, onde nem as polícias e nem os presídios atendem às nossas necessidades. Logo, os bandidos estão soltos e as polícias não dão conta de coibir ação de tantos criminosos. Desta forma, compete ao cidadão, como única forma de sobrevivência, estar 100% do seu tempo atento, identificando situações de risco e buscando distanciar-se delas.

Gustavo Caleffi é também administrador de empresas, com MBA em Direccion de Seguridaden Empresas pela Universidade de Comillas (Espanha), é certificado pela Universidade Israelense ICT (InternationalInstitute for Counter-Terrorism), em “Segurança Global e Antiterrorismo”, e pelaempresa israelense ISDS, em “Advanced VIP ProtectionCourse”. Além disso, é autor do livro “Caos Social – A Violenta Realidade Brasileira”, e palestrante em eventos nacionais e internacionais sobre os temas prevenção em segurança, gestão de riscos corporativos e gestão de segurança de grandes eventos. Ainda foi reconhecido pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul com as medalhas “Serviços Distintos” e “Serviços Relevantes à Ordem Pública”.

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